terça-feira, dezembro 06, 2005

Snow(&)board(*)

Hoje foi o meu último dia aqui. Ontem o Jeff perguntou-me se eu já tinha feito algo nos USA que nunca tivesse feito noutro sítio qualquer, como beber root beer ou caminhar sobre um lago gelado!? Disse que não. Dois colegas meus “resolveram” que eu não saía de Reno sem esquiar. Pediram ao Jeff para me “raptarem” na terça de tarde para me levarem até um dos muitos resorts de esqui existentes aqui nos arredores. De manhã fiz tudo o que me faltava fazer e pela 1:00pm estávamos todos prontos para subir até NorthStar. Pelas 2:00pm eu e o Shawn chegávamos ao local combinado (o Steve tinha ido até à cabana dos pais, no Lake Tahoe, buscar o equipamento dele). Durante a viagem combinei com o Shawn que iríamos fazer uma aula de esqui. O Shawn pratica snowboard há uns 8 anos, mas nunca esquiou, pelo que seria a nossa primeira vez. Quando lá chegámos a última aula de esqui do dia já tinha começado. Não iríamos poder inscrever-nos. Pedi para esperarmos pelo Steve, que pratica snowboard, mas que esquia desde os 4 anos. Ele podia ensinar-nos, mas como ele não aparecia decidi-me a experimentar snowboard. A primeira dificuldade foi escolher o tamanho da prancha e qual o pé que colocaria à frente. O Shawn fez-me o “push test”; empurrou-me pelas costas e viu qual foi o pé que coloquei à frente. Foi o direito. Escolhi o direito, o que é o mesmo que dizer que sou “goofy”, se tivesse escolhido o esquerdo era “regular”. A segunda dificuldade foi calçar as botas. Botas calçadas e prancha na mão, decidimos não esperar pelo Steve e apanhámos o teleférico até à pista para principiantes (para mim!). Já com a bota direita “presa” à prancha tive a minha primeira lição: como deslizar (é tipo skate, nada de especial) e como parar (lição “muito” importante!). Deslizei até às cadeirinhas que nos levam até ao cimo da pista, sem antes ter o meu primeiro “deslize”. O Shawn disse-me como sair da cadeira, mas eu, tal como todos os outros na minha situação, não “resistimos” a sentir a consistência da neve no cimo da pista assim que lá chegamos. Caí ao descer, mas até não foi muito mau, porque antes de cair ainda esquiei um bocado, de maneira que não cai no caminho da cadeira, ou seja, não fiquei no caminho dos que vinham atrás de nós! Ainda só com uma bota presa à prancha deslizei até ao início da pista, sem mais quedas. Tive mais umas aulas com o Shawn, pratiquei as “travagens”, aprendi, na teoria, como me levantar e… sentei-me, estava na altura de prender a outra bota à prancha. O Shawn tinha-me avisado de que era mesmo estranho estarmos com os dois pés presos a uma tábua, mas não achei muito mau… até tentar levantar-me! É que levantarmo-nos com uma prancha presa aos pés numa superfície inclinada não é fácil, não é nada fácil! Lá consegui manter-me uns segundos em pé, deslizar alguns metros até à minha primeira queda digna de registo. Doeu! O Shawn comentou comigo que daria jeito aos snowboarders usaram fraldas (conseguem imaginar onde é que nos aleijamos?), também me disse para tentar cair para trás apoiando-me nos cotovelos, para evitar magoar-me nos pulsos. A maior parte das vezes caí sobre os pulsos, mas como sei parar bem (haja alguma coisa que saiba fazer bem!), consigo cair de forma mais ou menos elegante (se é que existe algo de elegante em cair!) sem me magoar. Após umas tentativas frustradas para me manter em pé em cima da prancha, comecei a sentir uma dor num tendão do pé direito (costumava-me acontecer isto quando nadava, é um qualquer movimento do pé que o provoca). Fiquei sentada durante uns minutos até me passar. Passou. Voltei a tentar, voltei a cair e começava a ficar com os braços cansados de fazer força para me levantar. Um dos empregados do resort que estava a uns 100 metros de mim, disse-me qualquer coisa, mas não percebi. Veio ter comigo e disse-me que o truque era ficar em “tiptoes”, prendeu-me a prancha com o pé dele, para eu me levantar, o que deu imenso jeito, levantei-me e experimentei o que ele me disse, mas manter a posição “upright” por muito tempo foi algo que não aconteceu, voltei a cair e nesse momento um instrutor de snowboard parava mesmo ao meu lado com a sua aluna. A lição do momento era como se levantar a meio da pista sem escorregar. Fixe! Era mesmo isso que precisava aprender. Sugeriu-lhe que se tentasse levantar de costas para a pista. Eu e ela estávamos de frente, pelo que precisávamos de nos virar de costas. Não é simples quando temos os nossos pés presos a uma prancha com 1,50m. Observei como é que ele lhe disse para fazer e qual o truque para se levantar. Quando se afastaram o Shawn chegou ao pé de mim e ajudou-me a tentar fazer o que eu tinha acabado de aprender. Não gostei muito da sensação de estar de costas para a pista, mas que é mais fácil, é. Mais uns segundos em pé, mais umas quedas e já estava a ficar escuro (as pistas estavam quase a fechar). “Enough is enough” e desisti, fui sentar-me num sitio muito agradável, enquanto esperava que o Shawn chegasse de uma das pistas para… avançados! Ele chegou e fomo-nos embora. Encontrámos o Steve à saída!
Tirando os braços cansados foi mesmo muito bom. Da próxima vez experimento com o pé esquerdo à frente, acho que escolhi mal (como é que podia ter feito algo de jeito se escolhi ser “goofy” em vez de “regular”?! :)

(*) “Snow & board” porque havia neve e uma prancha, mas snowboard, viu-se pouco!

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