domingo, abril 30, 2006

Português vs Inglês

Qualquer que seja a língua que use para me expressar, o sentimento é sempre o mesmo.

saudade
- lembrança triste e suave de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de as tornar a ver ou a possuir;
- pesar pela ausência de alguém que nos é querido;
- nostalgia;
- (no pl. ) lembranças afectuosas a pessoas ausentes;
- (no pl. ) cumprimentos.

miss
- To fail to hit, reach, catch, meet, or otherwise make contact with.
- To fail to perceive, understand, or experience: completely missed the point of the film.
- To fail to accomplish, achieve, or attain (a goal).
- To fail to attend or perform: never missed a day of work.
To leave out; omit.
To let go by; let slip: miss a chance.
- To escape or avoid: narrowly missed crashing into the tree.
- To discover the absence or loss of: I missed my book after getting off the bus.
- To feel the lack or loss of: Do you miss your family?

sábado, abril 29, 2006

Chocolate :)

Depois de andar a evitá-lo durante dias, por indicação da médica (devia evitar ingerir substâncias com potencial alergéneo, para evitar nova reacção alérgica). Diz-se que o fruto proibido é o mais apetecido, pelo que nestes dias queria mesmo um chocolate. Hoje comi um min-mini-chocolate. Soube-me bem. Soube-me a pouco, mas não cedi e não comi mais. Não se trata de gulodice (talvez um pouco!), trata-se de química. Se comesse outro doce qualquer o desejo de comer chocolate mantinha-se. Porque… o chocolate tem na sua constituição o aminoácido fenilalanina, que por sua vez é precursor da serotonina, que o nosso corpo produz quando estamos felizes. A sensação de conforto que comer chocolate produz no nosso corpo deve-se a essa falsa sensação de felicidade, explicada pela química. As minhas últimas semanas não tem sido fáceis, devido à reacção alérgica, devido às imensas saudades, pelo que os níveis de serotonina no meu corpo deviam/devem andar baixitos, comer o chocolate (pequenino que fosse) produziu em mim uma sensação de conforto (felicidade) patrocinado pela fenilalanina. Obrigada.

quarta-feira, abril 26, 2006

Uma semana

Cheguei há sete dias, uma semana. Estou ainda a trabalhar a meio gás, mas a coisa está a aquecer e vai ficar muito quente. Não se adivinham dias muito fáceis, mas tem de ser, é o ultimo ano de doutoramento e praticamente todos os que passaram por isto dizem que é mesmo assim. Força, para mim e para os meus coleguinhas em final da jornada de “get a Ph.D.”, especialmente para a Vi.

Que calor!

Está calor aqui! De manhã venho de camisola, casaco e blusão, de tarde saio com o casaco dentro da mochila, o blusão na mão e muito calor. Não posso usar T-shirt, o meu braço esquerdo não deixa. Tenho uma mancha negra na veia, provocada pela injecção que levei por causa da alergia. Se alguém vê aquilo vai olhar para mim com um ar esquisito e pensar: “Ela até tem ar de ser certinha, mas olha-me só para aquilo!”. Já esteve pior, daqui a uma semana já deve estar com um aspecto decente. Provavelmente daqui a uma semana vai estar frio, a chover ou a nevar, o tempo está muito instável, ontem choveu desde o fim de tarde até hoje de manhã.

terça-feira, abril 25, 2006

Rosas da Anita


Quando era pequenina era uma grande fã dos livros da Anita (acho que ainda sou!). Este clássico infantil tem autoria de Gilbert Delahaye e ilustração de Marcel Marlier. Originalmente, a Anita chama-se Martine e é belga. No livro em que se conta a história do seu aniversário (Martine fête son anniversaire) a Anita recebe vários presentes, entre eles rosas vermelhas, selvagens. Desde aí que adoptei as rosas vermelhas selvagens como as minha preferidas. Ficou até hoje, muitos, muitos anos depois da primeira vez que li o livro (primeira, porque houve uma segunda, uma terceira,… Tinha uma fixação pelos livros da Anita e não saiam assim tantos quanto isso, para que pudesse ter livros sempre novos para ler).

As minhas receitas

Hoje foi dia de fazer sopa, Sopa de alface e coentros.

Para x pessoas (várias!)

- 4 batatas
- 2 cenouras
- 1 nabo
- 1 cebola
- 2 dentes de alho
- 1/3 de alface
- um raminho de coentros
- azeite e sal qb

Cozer tudo e triturar. Já está!

É saudável, cheira muito bem, tem bom aspecto (vários verdes e laranja), e sabe muito bem.

Não sei muito bem como é que consigo fazer isto, mas acerto sempre na água necessária para uma consistência agradável, no sal é que não, hoje tive de a provar 3 ou 4 vezes até estar aceitável (antes pouco sal do que muito!).

Porque fazer refeições para uma pessoa só é uma verdadeira seca, e não tem piada nenhuma, aqui, limito-me a fazer as coisas mais rápidas que me vêm à cabeça com os ingredientes que tenho disponíveis. Hoje o jantar foi: Ovos com espargos.

Para 1 pessoa

- 6 espargos grandes
- 2 ovos
- margarina e sal qb
- pão de alho
- queijo com ervas para barrar

Cozer os espargos cortados às rodelas em água e sal. Deixar arrefecer e juntá-los aos ovos numa frigideira, mexendo sempre. Acompanhar com torradas de pão de alho barradas com queijo.

Simples, muito simples e até é saudável (OK, eu sei que os ovos, fritos, não são a melhor das opções, mas dias não são dias e eu adoro ovos!)
Foto publicada sem autorização. Paga-se "multa" em géneros.

segunda-feira, abril 24, 2006

Ponto da Situação

Resolvi entrar na onda dos bloggers e fazer o "Ponto da Situação".

Há 10 anos:

Tinha 17 anos, andava no 11º ano, não sabia muito bem o que queria fazer, mas sabia bem o que não queria, sempre soube. De resto, nada a declarar.

Há 2 anos:

Com um quarto de século, apercebi-me de que os anos vão passando. Estava quase a meio do doutoramento e comecei a deixar de dizer que não trocava o meu curso por outro. O desencanto começava, então, a fazer-se sentir.

Há 1 ano:

Conheci a pessoa que mudou a minha vida.

Ontem:

Foi o dia 0.

Hoje:

Dia 1.

Amanhã:

Vai ser o dia 2 e vai faltar menos um dia para eu voltar.

3 paixões na minha vida:

1. Ele
2. Mar
3. Dizer outra vez ele não é demais

3 coisas a fazer se tivesse 1000 euros (e já agora tempo para os gozar):

1000 euros (200 contos!) num instante desaparecem, mas dão para fazer algumas coisas.
1. Uns dias no meu hotel preferido.
2. Câmara fotográfica nova.
3. Bilhete de avião Lisboa-NY.

3 coisas menos boas que não consigo mudar:


1. Teimosia.
2. Não conseguir calar-me quando mais devia.
3. Inflexibilidade!

3 coisas das quais tenho medo:

1. Perder quem amo.
2. Saltos para a água.
3. Ficar doente (apanhei uns sustos ultimamente; ainda estou traumatizada)

3 coisas que quero muito agora:

1.
2.
3.

É curioso, deve ser, mas não há nada que queira muito agora, embora queira 1001 coisas. Tudo o que quero muito é a médio-longo prazo.

3 sítios onde quero ir:

1. Tibete
2. Tailândia
3. Cuba
e muitos mais…

sábado, abril 22, 2006

Melhorei

Melhorias à vista. Já quase não tenho manchas vermelhas. Que alívio.
De manhã fui às compras, na quinta-feira tinha feito algumas, mas as grandes compras ainda não tinham sido feitas. Fui ao sítio do costume. Fui atendida pela empregada que estava grávida quando cá estive da outra vez e que agora já não está. Tinha lá a foto do filhote. Um dos empregados de cabelo branco meteu-se comigo, o que me arrumava as compras insistiu para as ir levar ao carro; senti-me contagiada pela boa disposição daquela gente, senti-me um bocadinho em casa. O resto do dia passei-o a ler e a escrever. Diário de um Sábado pouco interessante, mas um dos últimos em que pude pura e simplesmente não fazer nada, ou antes, fazer o que me apeteceu. Avizinham-se dias cheios (ontem descobri que o Jeff me enfiou noutro projecto).

PS: Já comecei a apanhar os choques do costume. Que seca!

sexta-feira, abril 21, 2006

Acordei praticamente na mesma, mas, tal como ontem, isso representa um progresso. Levantei-me cedo. Apanhei o autocarro de sempre, o Route 4, vi as pessoas do costume. Sem saber muito bem porquê até me soube bem a pequena viagem, lembrei-me das últimas vezes que a fiz. A primeira coisa que fazia quando chegava ao laboratório de manhã era ligar o computador para saber notícias do outro lado do Atlântico, era sempre nessa expectativa que ia no autocarro. A mesma com que hoje fui. O trajecto para a Universidade também foi agradável. As árvores estão em flor; do lado esquerdo, flores rosa, do direito, brancas. No laboratório limitei-me a esterilizar sementes, milhares de sementes, e a colocá-las a germinar, não fiz mais nada.

De noite, eu e a Amy, voltámos a instalar a Wireless Internet, que entretanto ela tinha desinstalado, e agora já estou ligada ao Mundo, ao meu Mundo, a partir de casa.

quinta-feira, abril 20, 2006

Primeiro dia

Acordei a meio da noite (jet lag), mas voltei a adormecer. Soube-me bem o aconchego do quarto que já conhecia. Acordei na mesma, o que representa um progresso: não estava pior. Levantei-me antes deles, tomei o pequeno-almoço, e fui até ao laboratório, tinha de ir a uma reunião no Office of International Students and Scholars para dizer que já cheguei, sob prejuízo de ter problemas com os serviços de imigração! Fiquei a saber que também desta vez não vou ter direito ao famoso Social Security Number.
O laboratório, o meu laboratório, está igual e a minha bancada e computer area limpas à minha espera, com um post it a dizer Claudia. Senti-me em casa, sem o estar. De novo só mesmo os dois novos post-docs, um francês e um coreano. O primeiro parece simpático, o segundo mal falou comigo (diferenças culturais!). O Jeff não está cá, a porta do gabinete dele está fechada o que dá um ar estranho ao laboratório, falta-lhe qualquer coisa. De tarde limitei-me a recolher umas sementes de umas plantas transformadas e depois fui para casa.

quarta-feira, abril 19, 2006

Hesitação

Vivi-a de manhã. Acordei bem pior. O médico disse que devia acordar menos vermelha e acordei mais vermelha, na cara e no corpo. Olhei-me no espelho e não consegui impedir-me de chorar. Ia entrar num avião, para fazer uma viagem de não sei quantas horas (muitas!), assim? Telefonei para o Hospital, não me deixavam falar com um médico, diziam, e bem, que não se pode fazer diagnósticos por telefone, lá os convenci que se fosse ao Hospital perdia o voo, eventualmente, em vão. Puseram-me em linha com um médico. Disse-me que era seguro fazer a viagem, que era normal que ainda estivesse assim, vermelha. Enfim, lá fui para o aeroporto. Fiz o check-in, e esperei. O meu voo saía às 8:30 para Frankfurt.
Em Frankfurt voltei a hesitar em entrar no avião para San Francisco (voo de 11 horas). Estava pior, não queria acreditar, mas estava. A minha mãe ligou novamente para o Hospital e disseram-lhe que se eu conseguisse suportar a eventual comichão (que felizmente quase não tinha) podia seguir viagem. Segui.

11 horas

Foi o maior voo que fiz, no maior avião que já alguma vez andei (um B747-400). Quase não dei pelas horas, tal era a inquietação. Não me sentia melhor, via as minhas mãos mais vermelhas, e continha-me para não chorar. Para me distrair resolvi começar a ler um livro que me deram e que levei comigo. O livro fala de uma viagem difícil, verídica. Embrenhava-me na história contada na primeira pessoa para esquecer a minha. Passadas umas horas, não sei quantas, arranjei coragem para ir ao lavatory. Olhei-me no espelho, estava pior. Não me reconhecia naquele espelho. É engraçado as coisas que nos passam pela cabeça quando não estamos bem, quando não estamos nada bem. É assustador vermos o nosso corpo alterado. Quando nos dói algo sabemos que algo não está bem, mas não vemos a dor, sentimo-la. Na minha situação para além de se sentir, vê-se o que está a acontecer. Só queria adormecer e acordar boa, ou melhor, perceber que era só um pesadelo. Larguei o livro por instantes e dormi, fui dormindo aos poucos, entre capítulos. Voltei a ver-me ao espelho e estava pior, o pesadelo não acabava. Lá chegámos a São Francisco. Foi facílimo passar pelos customs. Tinha algumas horas de espera. Voltei a olhar para o meu corpo e estava pior. Sentia-me em processo de negação de cada vez que constatava que estava pior. Liguei para algumas pessoas em Portugal e só quando me disseram que lá eram 1:00 é que percebi porque é que me atendiam o telefone com uma voz ensonada. Estava completamente desorientada. O que me estava a acontecer e os comprimidos que estava a tomar colocaram-me num estado tal que parecia que as coisas não estavam bem a acontecer e que eu não estava bem ali. Nem sei como é que me apercebi quando anunciaram que a gate do meu voo tinha sido alterada.

Cheguei

Cheguei a Reno. Não sabia bem quem é que me vinha buscar. Se fosse o Scott teria de esperar umas duas horas porque ele tinha aulas, se fosse o Shawn, talvez não. Fui buscar as minhas malas e esperei na zona de Baggage Claim, como combinado. Não sei quanto tempo esperei. Durante esse tempo tentei animar-me. Era difícil, até fisicamente. Era-me difícil esboçar um sorriso, sentia os músculos faciais presos. Depois de chegarem uma série de voos com pessoas que vinham esquiar ou jogar, um empregado do aeroporto, que deve ter ficado com pena de me ver ali à espera há não sei quanto tempo, veio falar comigo. Perguntou-me de onde era, eu disse de Portugal. A conversa do costume, que é longe, blá, blá, blá, até que pergunta, só para confirmar, se em Portugal se fala português!? Eu disse que sim e ele diz-me que está a estudar português porque tem um amigo no Brasil e quer ir para lá viver. Diz-me umas coisas em português e saca dos seus apontamentos. Coincidências! O Shawn chegou, levou-me a casa (a Amy tinha-lhe dado a chave) e deixou-me, a descansar.

Gerbera daisies


À minha espera estavam a Sabel (a cadela de 12 anos), o Jasper (o gato de 16 anos), as coisas que gosto no frigorífico, a decoração nova da casa de banho e do quarto, um cartão de Boas-Vindas do Scott e da Amy e… flores, lindas.
Obrigada.

terça-feira, abril 18, 2006

Último dia

Último dia em Lisboa.
Manhã passada no laboratório, entre tubos, plantas e despedidas.
Vou sentir a falta dele.
Ao fim da tarde, no cabeleireiro, olho-me no espelho e vejo-me… vermelha e algo inchada na cara. Assustei-me, o que era aquilo? Resultado de ter estado a chorar por causa das despedidas da tarde?! Não, não fico assim por chorar, ainda que estas tivessem sido as piores despedias de sempre. Fui para casa com o meu novíssimo corte, jantei, voltei a olhar para o espelho, estava pior. Não pensei duas vezes, disse: Vou ao Hospital. Lá fui, pela segunda vez, pelo mesmo motivo, no espaço de um mês, ao HospitalCUF Descobertas. Cheguei pelas 20:30. Tempo de espera: uma hora e meia. Fiquei à espera em pé, depois sentei-me, depois levantei-me, não queria acreditar que ia passar a minha última noite em Portugal no Hospital. Quando comecei a ter algumas dificuldades em respirar a coisa agravou-se. Fui chamada pouco tempo depois. Levei imediatamente uma injecção de cortisona e tomei um anti-alérgico. Mais uma vez tinha tido uma reacção alérgica ao medicamento que tinha tomado. Outra vez, no espaço de um mês. Esperei meia hora para ver como reagia à injecção. Pareceu-me que estava a melhorar. O médico receitou-me mais comprimidos e lá tive alta. Fui para casa, não sem antes passar pela farmácia, a mesma da última vez. Faltava-me arrumar umas coisas. Foi muito difícil manter-me acordada, conseguir raciocinar, responder às questões da minha mãe, que só queria ajudar. Um assunto “mal resolvido” não me deixava descansar, ainda que estivesse cheia de sono. Lá adormeci, cansada.

segunda-feira, abril 17, 2006

Dufour 455


Acho que ainda nunca tinha dito, aqui, que gosto de barcos à vela. Gosto. Gosto muito. Tenho apenas dois problemas com eles. O primeiro, que suponho um dia vir a ultrapassar: o enjoo. O segundo: não tenho um. Problemas ultrapassados e, quem sabe um dia, não verão por aí um Pure Crystal Clear fundeado numa qualquer marina. Porque é que me deu para isto hoje? Porque A Vida é Bela.
Obrigada.

quarta-feira, abril 12, 2006

Desabafo científico

Acordei com sono, como é costume nos últimos tempos. Não fiquei mais tempo na cama porque algo me move até à Faculdade. Custa-me a crer que vou acabar por sair daqui sem ter feito o que era suposto. Perdi a esperança de que alguma vez iria conseguir acabar o meu doutoramento aqui. As coisas não funcionam. Não percebo porquê, mas lá fora as coisas evoluem, dia-a-dia vai-se acumulando resultados (bons e maus!) no caderno e aqui as únicas coisas que se vão acumulando são coisas por fazer, queixas e noites mal dormidas. Talvez um dia volte, talvez um dia volte a fazer ciência em Portugal sem sentir a frustração que sinto nos dias de hoje.

terça-feira, abril 04, 2006

Sono vs Trabalho

Uma reacção alérgica a não sei exactamente o quê fez-me começar o dia com uma ida ao Hospital. Terminei-o pelas 21:30, com a cabeça na almofada. Os comprimidos que me aliviam o desespero da manhã fazem-me dormir. Precisava de mais horas de sono e muitas mais de trabalho; não sei muito bem como é que se faz isto, mas acho que não sou a única a não saber.

domingo, abril 02, 2006

Tarde em branco

Passar uma tarde de domingo em casa é muitas vezes sinónimo de algo pouco agradável, ou porque se ficou a trabalhar, ou porque se está doente, mas ontem não. Poder-se-ia dizer que foi uma tarde em branco, mas nem isso lhe tira o encanto. ;)