domingo, novembro 30, 2008

Curtas

Ontem fui ao International Street Market na companhia de uma portuguesa, uma espanhola e um holandês. Havia uma tasquinha portuguesa com bacalhau e pastéis de nata, mas comemos salsichas alemãs, paella e churros espanhois. Quase congelámos com o frio (vários graus negativos, de certeza). A tarde foi passada no café de uma livraria, até ser hora de jantar. Falámos, falámos e falámos, de tudo e de nada. Foi uma tarde bem passada. A repetir.
Hoje fomos às compras. Mas não foram umas compras quaisquer porque foram pagas com o meu primeiro salário. Já tive um antes, mas não era assim a sério. Senti-me mais crescida :)
Durante a semana vão acontecendo coisas engraçadas, que me ocorre relatar aqui, mas depois vou-me esquecendo e acabo por não ter nada de muito emocionante para dizer. Quando me habituar ao frio que me gela as orelhas mesmo debaixo do chapéu, prometo ser mais regular. Agora vou trabalhar um bocadinho. Sim, é domingo, mas a vida de cientista é mesmo assim.

quarta-feira, novembro 26, 2008

Rápidas

Já nevou, já choveu, mas hoje fez sol :)
Na sexta-feira e no sábado nevou bastante e, embora estivesse frio (mesmo frio!), lá fui até à praia... tinha de ver neve na areia. Que fixe! (fotos mais tarde que a minha internet em casa e no instituto anda pelas ruas da amargura). Almoçámos num restaurante à beira-mar, com uma bela vista para o mar ameaçador...
O Domingo passou-se em casa e estive mal disposta.
Comecei a trabalhar no laboratório a tempo quase inteiro e já me vou desenrascando com o "bicho" novo com que trabalho.
Hoje fui ao Induction Event, uma sessão de boas-vindas para os novos empregados (ah, pois, que agora sou empregada e tenho um horário), que envolveu um passeio guiado pelo campus antigo da Universidade. Interessante.
Conheci uma portuguesa que veio aqui fazer umas experiências. Eu que até não gosto do espírito de me juntar aos outros portugueses só porque somos todos de Portugal (mesmo que no nosso país jamais nos viessemos a falar...) até gosto de estar com esta Bracarense.
Continuo a adorar cozinhar e nem me importo que ele chegue tarde e não me ajude (ontem e antes de ontem veio tarde e trouxe-me flores para compensar. So sweet :)
Fico-me por aqui que o arroz já está pronto e a carne só precisa de ser aquecida. Por falar em comida, estou viciada em cogumelos (frescos), passo a vida a fazer comida com eles. Ainda dentro do mesmo tópico, reinventei uma entrada, pão de alho. Sim, não é completamente original, mas a forma rápida e prática de o fazer é-o (acho eu!). Cortem fatias bonitas de um pão bom (o que por aqui é tarefa praticamente impossível), barrem com manteiga (aqui uso a fantástica "I cant't believe it's not butter", que já usava nos USA), polvilhem com alho em pó e com oregãos secos. Levem ao micro-ondas por uns segundos e já está, uma entrada simples, mas saborosa e atraente.

terça-feira, novembro 18, 2008

Novidades da terra dos kilts

Tantas coisas novas a acontecer e eu sem vir até aqui.

Na primeira semana fiquei em casa, com imenso tempo para escrever, mas com uma preguiça enorme. Confesso que estive meio em choque (ainda estou). Está a custar-me um bocado habituar-me a isto. Isto é o país, o tempo, a luz, as pessoas, a casa (temporária), ao novo emprego, enfim, à vida na Escócia.

Agora estou em fase de habituação activa, tem de ser, não há tempo para claudicar.

O instituto
A minha casa fica a uns 10 minutos do instituto onde trabalho. Que é “tão” fixe. É que uma pessoa sente-se mesmo importante por trabalhar lá. Não gosto muito do meu laboratório, mas o resto do instituto é mesmo fixe e até consigo desvalorizar a minha bancada pequenininha. Até agora ainda só li coisas e planeei trabalhos [desde que escrevi isto já fiz um PCR…]. Já tenho um caderno de laboratório oficial (tão giro!), mas ainda está vazio [já não está]. O horário é das 9:00 às 17:00. Claro que não é bem assim, mas vou fazer para que não se estenda muito mais.
Tenho uma secretária, um cacifo, e um cartão magnético, para abrir as portas (todas as portas têm de ser abertas com um cartão e todas são portas anti-fogo). O instituto tem 7 pisos, o meu laboratório fica no 2, o write-up room fica no 3, a sala de seminários fica no 7 e tem uma vista extraordinária para a cidade e para o Mar do Norte.
Os meus colegas de grupo são dois rapazes e uma técnica, até gosto de um (o inglês), não gosto dos outros dois (o luxemburguês e a escocesa; 66%...). Gosto do meu chefe.
Nunca almocei uma única vez com eles, não aceitei o convite para os chás a meio da manhã e não me inscrevi para ir à festa de Natal do instituto… acho que assinei a minha declaração de anti-social. No entanto, dou-me muito bem com um grupo enorme de gente de outro laboratório, com quem simpatizo bastante (nacionalidades espanhola, chilena, mexicana, grega, holandesa, escocesa, alemã, indiana,…).
Há muito mais para dizer mas fica para outros posts.

A cidade
A capital europeia do petróleo e do granito é uma cidade cinzenta. Embora eu teime em não acreditar a cidade é perigosa, os índices assim o confirmam.

O tempo
Está tudo quase sempre molhado, há quase sempre vento, já que estamos junto ao mar, mas como recompensa oiço as gaivotas de manhã e isso anima-me, lembra-me a minha Ericeira.
Anoitece antes das 17:00 [agora é mais pelas 16:00].

A casa
A casa tem aquecimento e vidros duplos o que é bastante confortável. Não se ouve praticamente barulho nenhum no exterior e para além disso a rua da frente só tem um sentido e serve essencialmente para as pessoas que moram aqui, atrás há um jardim comum, e por detrás um condomínio privado. É estranhamente silencioso, mas é bom.

A vida… a dois
Já tinha experimentado antes, mas sempre em situações pouco convencionais. Agora temos uma vida normal, ambos saímos de manhã para ir trabalhar e ao fim do dia estamos ambos meio cansados, mas nem por isso ficamos rabugentos.
Descobri que adoro cozinhar, embora não tenha tido grande tempo e continuo a adorar passar a ferro…


Coisas soltas
No primeiro dia perguntaram-me “So, your husband works at […]?”, meio estupefacta com a pergunta respondi que sim. Embora não use aliança há quem pense que sou casada e isso é algo de muito curioso.
Bebe-se mesmo muito chá por aqui. Também se bebe muito, ponto final.
Grande parte das escocesas tem rosácea.
Não percebo quase metade do que um escocês diz (não percebo mesmo!). Então se for uma pessoa assim mais rural é o fim.
A maior parte das vezes parece-me que os carros estão a ser conduzidos por ninguém, já que olho para o banco esquerdo e não está lá ninguém. Ainda assim, já me habituei a atravessar as ruas olhando primeiro para a direita, se bem que não resisto a voltar a olhar para a direita quando já estou na faixa em que os carros vêm da esquerda (não vá lá vir alguém enganado…).
Raramente abri o chapéu-de-chuva, convicta de que esta chuvinha não molha grande coisa e a minha gabardine é muito linda e não deixa passar nada.

Faltam muitas coisas, mas acho que me fico mesmo por aqui que não estou muito inspirada e tenho montes de trabalho. A semana que vem [esta semana!] vai ser muito, muito puxada, com duas espécies de talks e uma reunião de um dia com gente das matemáticas que vem de Leicester.
A ver se arranjo fotos e se venho aqui mais vezes.

Nota final
Que os meus colegas britânicos não vejam isto, mas prefiro os Estados Unidos mil vezes ao UK.