domingo, dezembro 04, 2005

San Diego at a glance









26 de Novembro

Forecast
Embora as previsões meteorológicas não fossem as melhores para quem pretendia atravessar montanhas, combinámos, eu e o Shawn, que ele me iria buscar a casa às 7:00. Chegou atrasado uns 15 minutos (enquanto esperava reparei na neve que tinha caído durante a noite; muita!). Também tinha ficado combinado que passaríamos pelo laboratório para regar umas plantas e vermos as condições meteorológicas. Ele telefonou para um serviço de informação actualizada sobre as condições das estradas. A 395 estava transitável. Confirmei com o Shawn se estava mesmo disposto a “arriscar” não conseguir voltar a Reno (já lhe aconteceu!), se continuasse a nevar no fim-de-semana. Ele disse que sim (eu voltaria de avião). Saímos do laboratório, como entrámos, debaixo de neve, e fizemo-nos, literalmente, à estrada. Em Reno nevava imenso. Informou-me que tinha gorros, luvas, comida e mais uma série de coisas para os dois, caso ficássemos presos algures! Mas não foi o caso. Durante as primeiras milhas nevou, mas depois parou e o dia nasceu absolutamente radiante, com o sol a bilhar num céu azul.

Deserto
A paisagem à saída de Reno e durante muitas, muitas milhas foi a de… Reno! Castanha e não muito interessante de um lado e bonita do outro, com montanhas altas cobertas de neve. À medida que o número de milhas percorridas ia aumentando, a paisagem ia modificando-se e entrávamos no verdadeiro deserto. Não o “deserto típico”, em que só se vê areia, mas o típico desta região. Que é seca, embora por vezes rasgada por um ou outro rio, e coberta por arbustos rasteiros.
Estava sol, não nevava, mas estava imenso vento. Aquela imagem típica dos filmes, quando alguém atravessa o deserto, a de pequenos (ou não!) arbustos a voar, acompanhou-nos durante muitas milhas.

Mono Lake
Estávamos a uma altitude elevada quando nos aproximávamos do local da nossa primeira paragem. Desfazíamos uma curva quando o lago nos apareceu à frente, no vale. Paisagem fantástica! Mono Lake é um lago de água salgada, mais salgada que a do mar, onde se podem observar umas formações constituídas por sais, tufas. Umas milhas depois, após um desvio à 395, e estávamos na margem do lago. Diziam para colocar a mão na água e sentir o quão densa é e para prová-la. Provei. Não ficámos lá muito tempo. Estava muito vento e muito frio. Havia pessoas enroladas em cobertores!

Hot Creek
Continuámos a nossa roadtrip. Deserto e mais deserto, milhas e mais milhas e chegávamos às Hotsprings de Hot Creek. Ficam num vale, por onde corre um rio, cujas águas são aquecidas pelas nascentes de água quente daquela região vulcânica. A actividade vulcânica da região manifesta-se sobre a forma de hotsprings, geysers e fumarolas. Sentia-se o cheiro a enxofre, mas não era muito forte. Estacionámos o carro e voltámos a enfrentar o frio que se fazia sentir lá fora, não que a temperatura estivesse muito baixa, mas estava muito vento. Há medida que íamos descendo até ao vale, o vento fazia-se sentir cada vez menos. As fotos que vi num guia fizeram com que as minhas expectativas para aquele local fossem elevadas. Foi uma decepção. Não achei nada de especial, com excepção da cor das algas que existiam no rio. Ainda que dificilmente alguma vez entrasse na água, como algumas pessoas fizeram, acho que deve ser a melhor coisa que aquele local tem para oferecer. Voltámos para o carro. Próxima paragem: Hot Creek State Fish Hatchery, local onde se faz aquacultura. O Shawn gosta de pescar (fá-lo com um anzol que não magoa os peixes e depois devolve-os ao rio!) por isso parámos lá, mas a época de pesca encerrou, pelo que se limitou a observar!
Mais umas milhas e parámos num restaurante em Lone Pine, o The Mt. Whitney. Tem o nome de uma das maiores montanhas dos USA. Restaurante muito frequentado pelos que vão até esta região para fazer treking e alpinismo. Demorámos tempo demais no almoço. Perdemos tempo. Já não iríamos apanhar a estrada junto à costa, que, segundo ele, a cada curva que se faz/desfaz, deparamo-nos com uma paisagem fantástica, porque ia ficar escuro e não poderíamos usufruir a vista. :( Fica para a próxima.

Perguntei-lhe se estava cansado, ao que me respondeu que adora conduzir e, que, embora não tenha dormido bem, não estava nada cansado. Não ousei perguntar se me deixava conduzir um bocado. Fica, também, para a próxima.

Assistimos a um pôr-do-sol pouco interessante e já bem de noite, mas ainda cedo, talvez às 9:00pm chegámos a San Diego. Agradeci ao Shawn a roadtrip, que não foi tão fantástica quanto isso, mas a culpa não é dele, e ele deixou-me no local combinado com a Sabine, com quem ia ficar o fim-de-semana. Ela vai publicar o artigo que eu queria publicar, mas gosto dela! Uma alemã, “casada” com um alemão, que trabalha no mesmo sítio que ela, na UCSD, num laboratório conceituado. Tinha planeado passar a primeira noite num hotel ao pé da praia, mas a Sabine insistiu que ficasse com ela e acabei por ficar. Tem um apartamento em La Jolla, arredores de San Diego, pequenino, mas muito “cozy”. Ficámos a conversar até quase às 2:00am, sobre trabalho, sobre o laboratório, sobre tudo e sobre nada. Damo-nos mesmo bem, teríamos ficado até à manhã seguinte, mas tínhamos combinado acordar “cedo”, às 9:00, para fazermos uma tour pela cidade.

27 de Novembro

Acordei antes do despertador, entretive-me a ler os títulos dos livros que ela tem, são maioritariamente guias. Ela e o Josef fazem treking e já conhecem os USA praticamente de uma ponta a outra. Atravessaram desertos, subiram montanhas, apanharam uns sustos, mas voltavam a repetir, se calhar com mais um litro de água (já explico).

La Jolla
Disseram-me para dizer a que sítios é que queria ir, que seria lá que iríamos. Assim foi. A primeira paragem foi no Birch Aquarium no Scripps Institution of Oceanography. Queria lá ir pelas medusas e pelos cavalos-marinhos. Valeu a pena pelas medusas, pela vista, mas pelos cavalos-marinhos nem por isso. O Scripps Institution of Oceanography fica situado à beira-mar, num sítio absolutamente fantástico. Na livraria comprei um calendário lindo onde não há criaturas marinhas, mas lá que andam na água andam (o que será?) :) e um livro que explica o que a cor e formato das nuvens representam. Interessante.

O Pacífico
Já eram 12:00 quando saímos do aquário, pelo que decidimos ir almoçar. Perguntaram-me o que é queria comer, respondi em forma de pergunta “O que é que é típico de San Diego?, responderam “Fish tacos”, pelo que foi isso que comi. Fomos a um dos melhores sítios para se comer os ditos. Fomos ao Wahoo’s, um bar de surfistas, muito ao estilo do nosso Peter Café Sport. Não comemos lá, pedimos takeaway e fomos almoçar junto à praia em La Jolla Shores. Desta vez sim, tinha o Pacífico à minha frente. É diferente do Atlântico num pormenor, que é muito provavelmente ilusão de óptica, parece que sobe, que está inclinado para cima… se calhar é só impressão minha! As ondas não estavam muito boas, não havia muitos surfistas, mas havia imensa gente na praia. Estava sol, céu limpo, um dia extraordinário. A Sabine disse que na Alemanha se diz que “When angels are traveling, the weather is good”! :) No dia anterior tinha chovido imenso. Deixei Reno debaixo de neve e trouxe o sol a San Francisco no fim-de-semana passado e a San Diego neste! Continuando. Almocei um fish taco com arroz e feijões, sem picante! Gostei! Após o almoço descemos até à praia, que é igualzinha “à minha praia” na Ericeira, as rochas, as algas castanhas, o cheiro, as ondas. Não é por acaso que ambos os locais são bons spots para a prática de surf (a quem interesse, o melhor spot fica na Pacific Beach)! Experimentei a água, estava boa! Apetecia entrar. Havia quem o fizesse. Fomos até à Children’s Pool, mesmo ao lado. Há uns anos atrás construíram uma barreira para criarem uma zona sem ondas para as crianças, mas os leões-marinhos apoderam-se da zona e agora a praia é só deles. Gostei de os ver.

Mount Soledad e Point Loma
De La Jolla Shores fomos até ao Mount Soledad, de onde se tem uma vista de 360º sobre toda a cidade, vertente mar e vertente terra. Local para as típicas fotos panorâmicas. Vi onde fica o Salk Institute of Biological Studies, e invejei a localização! Do Mount Soledad fomos para Point Loma, que fica na ponta de uma pequena península, para lá chegarmos temos de atravessar território militar, cujos portões fecham às 5:00pm, se alguém ficar do lado de lá, lá fica. De Point Loma vê-se a Mission Bay e os milhares de veleiros que lá estão atracados e a base militar onde foi filmado o Top Gun. É em Point Loma que está uma estátua de João Rodrigues Cabrilho/Juan Rodriguez Cabrillo. Para os portugueses ele era português, para os outros era espanhol. Foi o primeiro navegador europeu a pisar a costa oeste americana. A expedição era espanhola, mas um historiador defende que ele era português. Para mim o João/Juan era português, parece-me muito mais fácil que alguém tenha traduzido o nome para espanhol e criado a confusão do que alguém o ter traduzido para português!
Tinham-me dito que Point Loma era o melhor local para ver o pôr–do-sol, mas como se tem de sair de lá às 5:00, e havia outras coisa para ver, não esperámos.

De lá fomos para o Balboa Park, uma local onde existem vários museus em edifícios construídos para parecem antigos. Para uma europeia que conhece várias cidades onde os edifícios são mesmo antigos (!?) aquilo é, no mínimo, deprimente. Do Balboa Pak fomos para a baixa de San Diego. Uma “baixa” típica, com lojas e restaurantes. Foi aí que assistimos ao pôr-do-sol, foi dos bons, embora o local não fosse o melhor.
Próxima paragem, Old Town. Mais uma vez, de “old” esta zona, só tem meia dúzia de edifícios, se é que tem meia dúzia. É uma zona turística, com restaurantes e lojas mexicanas. Pretende representar a antiga povoação de San Diego. Procurámos um restaurante para jantarmos, mas só havia mexicanos e eu não estava para aí virada. Fomos a um italiano que eles conheciam, Caffé Bella Itália. Muito bom.

Depois de um dia bem preenchido regressámos a casa. Mais uma vez ficámos a falar até tarde. Desta vez, para variar, foram gossips do laboratório e viagens. As que fizemos, as que pretendemos fazer, o que correu bem, o que correu mal. Já tiveram problemas com água no deserto, pouca, e em florestas tropicais, muita. Fiquei a conhecer os materiais que quem faz treking utiliza, contra ventos e tempestades. O que se usa para o frio, para o calor, a roupa interior que seca quase instantaneamente. Sei que um blusão deve ter três camadas (o material é o Gore-Tex), que devem ser “coladas” para que não se desfaça por causa das alças da mochila.

28 de Novembro

De manhã fui até à UCSD, ao laboratório da Sabine, para trocarmos informações sobre o nosso trabalho e eu ver as plantas dela, depois ela foi levar-me ao SeaWorld Adventure Park. De entre os três parques que existem em San Diego, tive de escolher um. Um exclui por ser longe da cidade, e entre o Zoológico e o SeaWorld… sou mais água que terra, e depois, já vi pandas (a grande atracção do Parque Zoológico de San Diego), mas nunca vi orcas, como tal, foi ao SeaWorld que fui. Entrei por volta das 11:00, dei uma vista de olhos pelo mapa, escolhi o horário dos shows a assistir, de forma a conseguir vê-los a todos, e a diversão começou! :) Ficou muito abaixo das minhas expectativas, mas ainda assim foi um dia muito bem passado. Ri-me com o show dos leões-marinhos, com um show que não tem nada da a ver com o SeaWorld, mas que é o máximo, com cães e gatos (Pet’s Rule!); entediei-me na Haunted Lighthouse 4-D; não queria acreditar que o show Dolphin Discovery fosse só aquilo (mil vezes melhor o do Jardim Zoológico de Lisboa, e o do Zoomarine, que recomendo vivamente); gostei do Shamu Adventure. Nunca tinha visto orcas, por isso foi interessante, mas claro que as preferia ver no estado selvagem. São bem giras! Vi mais umas espécies que nunca tinha visto, mas a parte verdadeiramente emocionante ficou para o fim. Sempre fui apaixonada por golfinhos. Por mais banal que isso seja, não me interessa, eles são mesmo queridos e pronto. Estive quase uma hora junto ao tanque de interacção com golfinhos, talvez com 1,20m de altura, onde estão dezenas deles, mesmo ali ao pé de nós. Os treinadores ensinam-nos o gesto para os chamar e depois é só deliciarmo-nos com eles. Por mais que isto não seja natural e se pense que nenhum animal possa ser feliz num sitio assim, eles pareciam-me tão deliciados como eu e, depois, eles já nasceram ali (a propósito, o SeaWorld, tem uma taxa de reprodução, das espécies que aloja, invejável!), e aprendem a tirar partido da interacção com o público, os peixinhos que lhe damos e a atenção. Tenho a certeza que gostam, nenhum animal pode parecer tão bem, como eles parecem, se não estiver realmente bem. Não estou a dizer que não seriam mais “felizes” em mar aberto, mas as coisas são como são, e a realidade deles é aquela. Só saí de lá porque tinha uma avião para apanhar.

Porque nem tudo pode correr bem…
Apanhei um táxi até ao aeroporto de San Diego, que fica no meio da cidade. Coloquem um aeroporto na Avenida da República, em Lisboa, e podem imaginar o estranho que é. Se acham que os aviões em Lisboa já passam muito perto de alguns edifícios, dividam a distância por dez e vão ficar com uma ideia do que acontece em San Diego.
Entrei no terminal da Southwest e fui fazer o check in, estava já a guardar o passaporte e o senhor do balcão tinha acabado de dizer “Thanks Ma’am”, quando me diz “Wait, your flight was canceled”. Quase me ri na cara dele! Limitei-me a um “Why?!”. Problemas de tráfico e técnicos, foi a resposta. Parecem-me problemas em demasia! Anyway. Disse-me que me punha no próximo voo para San José e de lá voaria para Reno. O voo partia em 20 minutos, por isso o senhor do balcão foi comigo até à segurança, passou-me à frente das outras pessoas, e cheguei a tempo à porta de embarque, tive tempo de comprar um mapa que queria e ainda tive de esperar um bom bocado. Chovia imenso em San Jose, a aterragem foi má. Aterrei à mesma hora que devia estar a levantar voo para Reno, sai de um avião e entrei directamente no outro. Mais uma vez a aterragem, em Reno, não foi das boas, mas nada de especial. Ao aterrar pude ver as casas e ruas “brancas de neve” e as luzes de Natal. Cheguei mais cedo do que o previsto, pelo que tive esperar no aeroporto que o Scott acabasse as aulas para me ir buscar.

Gostei mais de San Francisco pela cidade em si, porque é cosmopolita e eu gosto de cidades assim, mas San Diego, tem praias muito giras e um ambiente mais descontraído, que me agrada. Se tivesse de escolher, acho que escolhia San Francisco para morar e San Diego para os fins-de-semana!
Legenda das fotos:
1. Mono Lake
2. Scripps Institution of Oceanography
3. Pôr-do-sol em San Diego
4. Shamu
5. o meu sorriso era igual ao dele :)

2 comentários:

Anônimo disse...

amei!!

quero ir tb!!!

beijinhos e até breve!
Vi

Anônimo disse...

cade os relatos de lisboa???

;)

beijinhos

vi