segunda-feira, agosto 09, 2010

Estado de espírito numa noite sozinha em casa, 9ºC lá fora e chuva intermitente

Às vezes apetecia-me ter um blog anónimo só para dizer o que me ocorre sem medo de censuras e de demasiada exposição. Para poder falar com pessoas, sem falar com ninguém em particular. Dizer que gosto disto e não gosto daquilo. Confessar que não gosto da minha profissão, mas que não sei o que quero fazer (ups, já o disse!). Onde pudesse suspirar por dias mais Felizes, mais perto da minha família, porque ele não me chega. Não, não acredito que quando casamos, ou algo que o valha, a nossa família passe a ser essa. Não, não é assim, ele não substitui ninguém que está em Portugal. Sim, ele é importante, mas não sabe tanto de mim como aqueles que me ensinaram a falar, a escrever, que me viram sorrir pela primeira vez, que me enxugaram as primeiras lágrimas. Escrevo isto com um trago de injustiça nos dedos, ele conhece-me bem, às vezes até demais. Ainda assim, esta falta que sinto das pessoas que estão em Portugal consome um pouco de mim todos os dias.
Noutro dia, em resposta a um e-mail meu, escreveram-me "Estou realmente muito bem." e eu fiquei Feliz por ela, mas confesso que com inveja (sentimento feio). Eu não posso dizer isso, e não estou a ver isso ser possível tão depressa. Já o disse antes e volto a repetir porque acho que é importante, eu não tenho problemas gigantescos, mas acho que cada um tem o direito a queixar-se do que lhe corre mal, ou menos bem, e como tal, os meus problemas (ainda que pequenos aos olhos de alguns) são meus e tenho o direito de os ver como tal. Claro que há quem diga para não ver as coisas assim, mas eu estou longe de ser perfeita e não consigo pôr isto para trás das costas e dizer "Sim, estou realmente muito bem.". Concordo que podia estar pior, tão pior (há tanta gente com verdadeiros problemas), mas não estou muito bem e não é pecado nenhum querer estar melhor, ou é?