sexta-feira, novembro 11, 2005

Gone with the wind



Hoje de manhã reparei que a neve no cume dos montes em redor da minha casa (a da Amy), derreteu. Já fazia parte da minha paisagem matinal e foi muitas vezes alvo da objectiva da minha câmara (que cada vez mais anda comigo), mas desapareceu, quase de um dia para o outro. Desapareceu tão repentinamente como a esperança que depositei numa determinada coisa, desapareceu. Perder a esperança é algo que mexe mesmo connosco. Enquanto a temos, por mais que nos pareça impossível de acontecer, há sempre a dúvida: pode ser que… Às vezes a dúvida pode ser algo de muito bom. Pode parecer insensato, mas prefiro uma dúvida a uma certeza indesejada. É a opinião (influenciada) de alguém que perdeu a esperança em conseguir algo que desejava muito e que sente falta dos dias em que podia acordar de manhã, sorrir, e pensar: pode ser que… Mas agora já não posso. Agora sei que a esperança não é a ultima a morrer, embora, inegavelmente, tenha um fim. Às vezes tem um final feliz, às vezes não. O meu não foi, necessariamente, triste, mas não foi, decididamente, Feliz, com “f” maiúsculo.
Diz-se que a realidade, mesmo quando dura, é sempre melhor opção que uma mentira, ainda que deliciosa, mas às vezes a realidade é tão fria, que preferimos o calor com que a nossa esperança, em forma de mentira, de ilusão, nos aquece. Viver na esperança de que… consegue fazer-nos abstrair de tudo o que de mau se passa em nosso redor. Focamos apenas “aquilo”, “aquele”, que nos faz bem, que nos arranca sorrisos, que nos faz sentir tão especiais, tão únicas. Quando a esperança acaba é como… É como nas fotos, na primeira só se vê a planta, delicada, perfeita, na segunda, vê-se as folhas caídas, a relva que já não está verde. Tudo o que de feio nos rodeia passa a ser visível quando os nossos sonhos, as nossas esperanças, deixam de fazer sentido. Quando desaparecem com o vento, como as sementes do dente-de-leão.

Nenhum comentário: