quinta-feira, novembro 24, 2005

Time for emancipation

Poucas vezes pensei nisto de forma tão serena. Às vezes chateada com esta ou aquela decisão (leia-se “Não, não podes ir!”) pensava em sair de casa (crises próprias da idade!), mas nessa altura não podia, não fazia sentido, mas agora posso, faz “todo” o sentido e… apetece-me. Apetece-me ter a minha casa, com a decoração que sempre imaginei, que está sempre a evoluir, mas que é a minha; convidar os amigos; cozinhar para mim, para eles; ter os meus horários, os meus hábitos, o meu saleiro, o meu galheteiro, o meu sofá, os meus quadros na parede, as minhas conchas algures, que não nas caixas das conchas! Quero abrir a porta de casa, receber os amigos com um sorriso e dizer “Olá, estejam à vontade, enquanto acabo o jantar!”. Antes só gostava de cozinhar doces, mas agora gosto de cozinhar tudo. A minha próxima compra vai ser um livro de receitas italianas. Não escolhi a cozinha italiana só porque é fácil cozinhar pastas, mas porque gosto. Praticamente todas as receitas de pastas envolvem azeite, alho, e ervas aromáticas, existem melhores ingredientes-base? I’m guessing not!
Claro que é mais fácil escrever este post do que o concretizar, mas o primeiro passo está dado, há o desejo de concretizá-lo. Estes 3 meses a viver “sozinha” ajudaram a perceber que está mais do que na altura, não que não goste de viver com os meus pais e avó, não que não seja muito mais “prático” não ter contas por pagar em meu nome, ter o jantar pronto quando chego a casa, e não me preocupar com a roupa, mas nem tudo é perfeito. Viver sozinha pode implicar perder algumas regalias, mas, com toda a certeza, trará coisas que agora não posso usufruir. Estes últimos meses foram como que um preparativo para os pais se acostumarem à ideia de não me terem sempre por perto, e para eu me habituar a não os ter a eles (eu estou preparada, já não posso dizer o mesmo sobre eles!). Acho que seria menos dramático se me mudasse para outro país, porque assim não estaria a sair de casa só para viver sozinha, mas antes por força das circunstâncias. Ontem o Jeff (o PI do meu laboratório aqui em Reno) questionou-me em relação à possibilidade de eu voltar. Talvez volte, embora saiba que há pessoas que vão ler isto e não vão ficar muito contentes, eu própria não fico absolutamente feliz, mas há alturas em que temos de tomar decisões importantes e parece-me que tenho uma para tomar. Vou ponderar os prós e os contras e arbitrar.

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